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Como Funciona o Processo Criativo

  • Foto do escritor: Cleisson Niz
    Cleisson Niz
  • 14 de mai.
  • 4 min de leitura

A criatividade é um ato profundo de interpretação, uma fusão entre o que vemos e como escolhemos dar significado a isso. Para mim, o processo criativo é uma jornada conjunta onde a percepção de mundo do cliente se encontra com a minha visão artística, criando algo único e pessoal. A tatuagem é, acima de tudo, um símbolo — e cada símbolo carrega não só uma estética, mas também um significado que se desdobra ao longo do tempo e das experiências.


A arte, especialmente quando se trata de tatuagens, é uma comunicação visual que transcende a forma. Ela vai além do simples desenho para se transformar em um símbolo que carrega múltiplas interpretações. Esses símbolos, que podem ser tanto estéticos quanto expressivos, são construídos a partir da percepção individual de cada um. A semiótica, a teoria dos signos e significados, é a base para entendermos como as imagens que criamos são interpretadas de diferentes maneiras, dependendo da bagagem e das vivências de quem as observa.


Há duas abordagens principais quando falamos sobre tatuagens: aquelas que são buscadas por sua estética pura, como uma escolha visual que agrada, e aquelas que carregam uma intenção mais profunda, com o objetivo de expressar algo pessoal, uma história ou um sentimento. Para quem busca algo mais estético, o objetivo é criar algo que seja agradável aos olhos, que se encaixe bem com o corpo e que tenha uma harmonia visual. Porém, até mesmo essas escolhas estéticas são profundamente influenciadas por percepções pessoais — a maneira como vemos e sentimos o mundo ao nosso redor determina o que chamamos de “beleza”. A percepção visual é um fenômeno complexo, onde formas, cores, linhas e composições podem gerar sentimentos e reações inconscientes.


Para quem busca expressar algo mais profundo, o processo criativo vai além da escolha estética. A tatuagem se torna uma ferramenta simbólica, um signo que traduz emoções, memórias ou ideais. Cada elemento que escolhemos incorporar no design tem o poder de carregar uma mensagem não verbal, uma história visual que se conecta com a pessoa de forma única. Aqui, aplicamos recursos de psicologia das formas e percepção visual para construir uma tatuagem que fale diretamente ao seu portador, de maneira emocional, simbólica e até mesmo fisiológica. Por exemplo, linhas suaves podem evocar sensações de calma, enquanto formas angulosas podem provocar dinamismo ou tensão. A escolha de cores também tem um impacto profundo na percepção emocional: tons quentes podem criar uma sensação de acolhimento ou calor, enquanto tons frios podem gerar serenidade ou introspecção.


A maneira como a arte é construída para o corpo também tem uma função simbólica. A anatomia e as proporções do corpo humano são peças-chave nesse processo. Ao projetar uma tatuagem, o desenho não deve ser apenas adaptado ao corpo, mas também à sua dinâmica e fluxo, criando uma conexão entre o símbolo e o ser que o carrega. A posição de uma tatuagem, a forma como ela se encaixa em uma área específica da pele, a maneira como ela interage com o movimento do corpo — todos esses fatores não são apenas técnicos, mas simbólicos. Cada tatuagem deve ser pensada para “dialogar” com o corpo e a história pessoal do cliente, de forma que a percepção de quem a vê seja tão impactante quanto a de quem a carrega.


É nesse ponto que a psicologia das formas entra em cena, nos guiando na criação de um design que, além de esteticamente agradável, seja capaz de transmitir a intenção emocional e simbólica de quem busca expressar algo. Esse conhecimento nos permite ajustar a forma e a composição, dando ao design uma fluidez que traduz a percepção emocional de quem a porta. Uma linha, por mais simples que pareça, pode carregar uma carga emocional imensa. A proporção do desenho com o corpo, a simetria ou a falta dela, a dinâmica das formas — todos esses elementos comunicam algo para quem vê e, principalmente, para quem usa.

Por isso, cada processo criativo é uma verdadeira tradução das percepções e emoções que você deseja imprimir em sua pele. Quando chegamos à fase de criação do desenho, aplicamos não só uma compreensão estética, mas também uma análise simbólica e perceptiva que dará à tatuagem a profundidade que você deseja. Tudo o que compõe o design — do estilo das linhas, ao tipo de sombra, à escolha das cores — tem um impacto visual e emocional.


A fase do Freehand (Desenho à mão livre) é quando todo esse planejamento se materializa. Após entendermos os significados e a dinâmica do seu projeto, começamos a desenhar diretamente no corpo, utilizando canetas para esboçar as primeiras camadas. Essa etapa não é apenas sobre colocar um desenho no corpo, mas sobre construir uma composição que tenha sentido no espaço em que ela será aplicada, criando uma tatuagem que é ao mesmo tempo uma obra de arte e um reflexo de você mesmo. Cada ajuste feito nesse processo visa garantir que o símbolo final não seja apenas bonito, mas também significativo, respeitando tanto a sua percepção quanto a forma do seu corpo.

Essa abordagem não só assegura um resultado único, mas também um vínculo profundo entre você e a arte que escolher carregar — uma tatuagem que é mais do que uma imagem, é uma extensão de quem você é.

 
 
 

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